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Falando sobre a pirataria
Há alguns dias atrás, um amigo meu compartilhou um texto sobre pirataria no twitter. O texto possui o tema “Precisamos falar sobre a pirataria” e pode ser visto aqui.
O texto é bem leve ao falar do assunto e mostra a visão da autora e sua própria experiência com a pirataria. Se eu fosse resumir o texto em uma frase (sim, é o meu entendimento sobre ele), seria:
Todo mundo já usou pirataria de uma forma ou de outra quando não tinha dinheiro o suficiente para pagar por um determinado material. Para muitas pessoas, esse é o motivo de elas estarem onde estão.
Não é a primeira vez que eu discuto esse tema, já tive várias conversas muito boas com amigos sobre isso, mas nunca escrevi a respeito. O post da Letícia e o tweet do InfoSlack me incentivaram a escrever esse post.
Minha relação com a pirataria
Como a Letícia escreveu, muitos de nós já usamos pirataria no passado e eu não sou exceção. Seja para estudar (livros) ou só para entretenimento (filmes, jogos, etc). Isso aconteceu comigo e acontece com outras pessoas por vários motivos. Vou listar alguns:
- não tínhamos dinheiro para comprar o produto original
- não víamos valor em pagar aquele preço
- porque era mais cômodo piratear
Por muito tempo na minha vida, 1 era minha única opção. Quando eu trabalhava fazendo instalação de portas e batentes de madeira em construções e ganhava R$20 por dia, era o que tinha. Lembrando que isso foi em 2006, nem YouTube tinha e a internet era discada.
Com o tempo fui conseguindo receber mais dinheiro, mas eu ainda estava em 2. Eu não entendia nada desse lance de pirataria. Para mim, era importante eu ter o que eu queria, independente de quem criou o conteúdo. “Acha que eu vou pagar X nisso? Com esse dinheiro eu faço Y”, era um dos jargões.
O 3 era sempre muito presente na época também. Tudo era muito complicado, não importando se estávamos falando sobre jogos, filmes, livros, etc. Algo muito diferente de hoje em dia, onde é muito fácil comprar coisas e há muito conteúdo bom com preço baixo.
Com o tempo, o mundo foi mudando e eu fui crescendo junto com ele. Aos poucos fui entendendo que o meu suporte aos produtos que eu gosto é fundamental. Alguns eu ainda não tinha/tenho condições de pagar, mas ao invés de piratear, eu escolho outra vertente de produto.
Já aconteceu de eu baixar um audiobook (sou fã de audiobooks) pirata, ouvir, e depois comprar o livro só para remunerar o autor. Nunca li o livro físico e procurei pessoas para doá-lo.
A visão de um criador de conteúdo pago
Eu sou um dos autores que cria conteúdo pago. Eu tenho meu livro publicado pela casa do código desde 2016.
Esse livro deu um trabalhão para ser escrito. Eu dediquei 315 horas do meu tempo a ele (mais detalhes sobre o processo de escrita aqui) e eu escolhi fazer desse livro um conteúdo pago.
Eu fiz inúmeras palestras sobre o conteúdo desse livro. A palestra é quase o mesmo conteúdo e foi gravada várias vezes, podendo ser vista no YouTube. O conteúdo da palestra é conteúdo gratuito, que eu fiz e ainda faço. É tempo que eu dedico para fazer conteúdo gratuito.
Veja, é importante mencionar que eu, como criador de conteúdo, escolhi dar coisas de graça para ajudar as pessoas. Eu também decidi criar conteúdo pago que exigiu muita dedicação para fazer. Ainda assim, as pessoas procuram na internet e pegam o conteúdo pago sem dar nenhum valor ao meu trabalho.
Remunerar o autor que escolheu dedicar parte do seu conteúdo para reverter algum dinheiro chega a ser uma questão de respeito, caso você realmente goste do conteúdo.
Lembrando que esse não é um livro de faculdade, daqueles que custam R$ 800,00 e é livro de leitura obrigatória da matéria X de um professor renomado. É o livro que eu, desenvolvedor de software, deixei de ficar com a minha família e amigos no meu tempo livre para escrever e que custa R$ 30,00 o ebook. Sai mais barato que uma ida ao cinema + pipoca hoje em dia.
É claro que para algumas pessoas isso pode ser o valor de um almoço e o preço de ficar com fome por estar desempregado. Não acho que vá ter uma grande quantidade de pessoas nessa situação, mas se você está desempregado e conseguir me convencer que você precisa do meu livro para conseguir o emprego que você precisa, entre em contato comigo que daremos um jeito.
Minha conclusão sobre esse assunto
Hoje em dia, com a quantidade imensa de conteúdo disponível na internet, muitos argumentos caíram por terra. Para conteúdos comuns (não conteúdos específicos exigidos por faculdades, por exemplo), a abrangência de material para ler na internet é bem grande. Dizer que não conseguiu aprender porque não tinha material disponível sobre o assunto é bem complicado.
Talvez você não tenha o melhor material em mãos porque ele é pago, mas você certamente consegue crescer bem com material online.
Muitas vezes seu autor/autora favorito pode ser bem acessível. Se você realmente não tem condições de comprar um livro de custo baixo (exemplo: R$ 30,00), entre em contato com ele/ela e conte sua história. Muitas vezes o próprio autor pode te fornecer o livro de livre e espontânea vontade.
Até mesmo para conteúdo em outros idiomas. Hoje em dia temos ferramentas de tradução em um nível bem aceitável. Pode não ser tão conveniente, mas é totalmente funcional e aceitável de se usar. Se não acreditar em mim, olhe algumas páginas em inglês nesse blog e clique na bandeira do Brasil que está logo no início do post. O que você verá, é trazido a você pelo Google Translate 😉.
Eu acredito que há casos em que as pessoas precisam mesmo do conteúdo e não podem pagar, mas estou convicto que isso é uma quantidade muito pequena dos casos de pirataria, e para esses casos, há formas muito melhores de lidar.
O que eu mais vejo é gente empregada achando legal compartilhar conteúdo pago gratuitamente por aí, e isso não é legal.