TL; DR Fiz uma viagem de moto saindo de São Paulo e indo para Eldorado (Argentina) , durou uma semana no total e rodei mais de 3000km, esse é o relato da viagem.

Quem quiser ver todas as fotos que eu tirei durante a viagem, estão no Picasa

Bem, vamos ao relato:

Essa foi minha primeira viagem para fora do Brasil e também a minha primeira viagem grande de moto (tinha feito uma de 700km no total 350 contínuo), e é claro que com essas condições eu tava meio perdido para organizar as coisas, preocupado com a moto e etc.

Após organizar tudo certinho na sexta a noite tentei dormir cedo porque as 6:00 AM eu deveria estar no posto hungria preparado para sair, isso quer dizer que as 4:30 eu teria que estar de pé. Acho que demorei meia hora para conseguir dormir, mas ainda era 23:30 eu suponho.

No dia seguinte eu estava acordado e sem sono às 4:30 amarrando as ultimas coisas na moto e saindo às 5:30 após se despedir dos meus pais que acordaram junto só para me ver saindo :P. No meio do caminho encontrei meu amigo David na imigrantes, ele me acompanhou até o posto hungria de moto para ver a galera saindo. Valeu David!

Chegando no posto hungria já tinha 80% das pessoas que iam na viagem e mais várias outras que só foram nos encontrar para desejar uma boa viagem e ver a galera saindo. Fizemos nosso briefing às 6:30, alguem puxou uma oração antes de sair e saimos as 6:40 no máximo.

Infelizmente eu não anotei onde foi cada uma das paradas, estradas, kilometros e etc, portanto eu não vou descrever com detalhes o suficiente. Na primeira parada encontramos mais um amigo que sairia de Mairinque e iria com a gente, e nos despedíamos dos que estavam no bonde (bonde == conjuntos de motos) mas não iriam seguir viagem conosco.

Após as despedidas seguimos viagem e mantivemos nosso ritmo de parada de mais ou menos 150km. Perto do meio dia nós paramos para comer alguma coisa em Assis (se não me engano) e o sol já estava bem quente, o que me fez tirar a jaqueta e viajar somente de colete. Uma coisa que eu nunca curti foi usar protetor solar para andar de moto , mas dessa vez se eu não tivesse usado eu teria queimado feio os braços, descobri isso porque minha calça sempre voava com o vento e com isso o sol chegava até a perna , o que me causou uma queimadura chata de sol.

Segundo o Google Latitude (como não anotei nada e ele ficou guardando, estou usando ele para saber onde eu estava…LOL) chegamos em Maringá por volta das 14:30 e encontramos nosso amigo Walter Santos (a.k.a Wartão :P) no centro da cidade, e ele nos guiou até o hotel araucária, que é onde íamos ficar essa noite.

Fizemos check-in e pegamos quartos com duas camas separadas e dividimos, como estávamos em 10 motos pegamos 4 quartos. Tentamos deixar reservados os quartos nesse hotel para a volta mas ficamos sabendo que ia ter um evento e todos os quartos já estavam reservados, portanto quem não reservou com antecedência ia ter que arrumar outro lugar para ficar. Eu não tinha reservado com antecedência e passei em outros hotéis em volta para ver se achava algo, mas os que eram razoávelmente decentes já não tinham vagas, então deixei rolar.

O Walter que nos encontrou no centro de Maringá nos chamou para um churrasco em sua casa. Uma coisa interessante é que ele não conhecia nenhum de nós pessoalmente e mesmo assim nos recebeu em sua casa de portas abertas e com um churrasco fantástico. Esse tipo de coisa que me faz acreditar que as pessoas podem ser legais.

Saímos da casa do Walter as 23:30 e voltamos para o Hotel. Saímos de Maringá as 8 :30 em direção a Foz do Iguaçu, mas antes passamos na casa do Walter para acordar ele com os barulhos de escapamento e dar um abraço antes da partida, saindo de lá seguimos o mesmo estilo de paradas até foz, 150 em 150km. Chegamos mais ou menos as 16:00 em Foz do Iguaçu e fizemos check-in no Luz hotel no mesmo esquema, dividindo quartos, dessa vez dividi quarto com o Mikele, mas alguns de nós pegaram quartos quadruplos conseguindo um preço mais barato.

No começo da tarde chegaram as constelações (cada grupo do ISRA é considerado uma constelação) de Brasília e Goiás no Luz hotel e no total eramos em mais ou menos 25 motos. A noite saimos para jantar num restaurante próximo do hotel, ocupamos uma boa parte do restaurante e causamos uma impressão interessante nas pessoas que estavam lá, fora a cara de espanto (que eu já estava acostumado naquela hora) também rolou um silencio estranho :P.

Fui dormir não muito tarde pois pretendia sair bastante no outro dia. Muitos dos que estavam no grupo tinham vindo no ano passado a Foz, portanto fizeram todos os passeios turísticos e não pretendiam faze-los novamente. Eu tinha deixado claro que eu ia para a usina de itaipú e para as cataratas e se ninguém fosse eu ia sozinho mesmo. No fim das contas consegui companhia para ir para a Usina de manhã, fomos em 2 motos, eu com minha Dragstar e o Honda com sua Fatboy. Outras pessoas foram ao Paraguay, Duty free e outros lugares, inclusive, a esposa do Yuri foi com a gente para Itaipú porque o Yuri foi ao Paraguay.

A usina de Itaipú é um lugar bem legal e fazer o passeio completo (com visita ao interior da usina) é muito legal para os nerds de plantão, é possível ter informações do funcionamento das turbinas e saber um pouco mais sobre a engenharia da usina, além de algumas curiosidades sobre os funcionários e o acordo entre os países para que a usina funcione. Dentro da usina é possível sentir a vibração que a força da agua causa enquanto ela passa pelos tubos e aciona as turbinas, é uma sensação bem legal (e medonha). Outra vantagem do passeio interno é ir até o eixo de uma das turbinas e ver ele funcionando há quase 100 metros abaixo da superfície. Tirei fotos de todo o passeio, e ta tudo lá no Picasa.

Voltamos ao Hotel por volta das 13, almoçamos e fomos para as cataratas, dessa vez em 3 motos, Yuri e sua esposa Ju com uma Suzuki V-Strom, eu com minha DS e o Berlanas com uma Fazer 600. Decidimos apenas fazer o passeio a pé (tem passeio de barco pelas cataratas, mas é mais caro e não rola levar camera) pelas trilhas para conhecer toda a extensão das cataratas e tirar umas fotos. O passeio é muito legal, além de ver as cataratas por vários angulos você ainda se depara com uns quatis que ficam andando pelas trilhas procurando comida dos turistas. Fizemos o passeio completo por mais de 1km de trilhas e tirei muitas fotos (também no Picasa) e valeu muito a pena conhecer o lado brasileiro das cataratas, recomendo!

Na saída encontrei um outro motociclista com o colete dos “Bodes do asfalto”, não me era estranho esse motoclube e resolvi puxar conversa, acabei descobrindo que ele também estava vindo de São Paulo e estava indo para a Argentina (um pouco além de onde iríamos), mas o mais impressionante de tudo é que ele estava vindo do ABC e trabalha em Diadema! Conversando descobri que ele trabalha a dois quarteirões de onde minha mãe trabalha, e a coincidencia fez eu o encontrar há mais de 1000km de distância! Isso foi bizarro.

Na saída das cataratas o pessoal que estava comigo decidiu passar no Duty free e eu não estava afim de ir, portanto voltei sozinho para o Hotel, que é muito bem localizado por sinal, ao lado da rodoviária de Foz do Iguaçu, recomendo esse hotel.

No dia seguinte tinhamos marcado de sair as 8 horas mas o nosso grupo já estava muito grande e para todo mundo se preparar ia demorar bem mais do que o esperado. Estacionamos as 25 motos na calçada do hotel enquanto esperavamos a hora de sair. Enquanto esperavamos um onibus foi fazer a curva na rua e encostou na primeira moto, o que causou um efeito dominó nas 3 outras. O motorista do onibus parou e começaram as discussões para resolver . Duas motos foram danificadas, mas nada muito grave, um retrovisor quebrado e alguns riscos e o onibus estava intacto. Todos tinham uma parcela de culpa nesse acidente , essas motos estavam estacionadas muito perto da esquina e o motorista do onibus nem reduziu na curva. Não sei como ficou o desfecho dessa história, mas acho que apenas resolveram seguir para evitar mais dor de cabeça.

Enquanto alguns foram numa concessionária para resolver as avarias das motos os outros seguiram em direção a Argentina. Passamos facilmente pela fronteira do Brasil e paramos na ponte da amizade para tirar umas fotos das motos estacionadas no território brasileiro antes de atravessar para a Argentina. Após as fotos fomos em direção a Aduana da Argentina, passamos tranquilamente e ficamos aguardando no próximo posto de combustível disponível.

Enquanto estavamos aguardando descobrimos que a Van que levava as malas e as esposas do pessoal de Brasília não conseguiu passar para fronteira da Argentina por alguns problemas e eles teriam que conseguir outro modo de trazer as malas, portanto seguimos para Eldorado enquanto eles descobriam uma melhor forma de passar.

Rodamos pouco mais de 100km em direção a Eldorado e chegamos pouco antes da hora do almoço no hotel Don Juan em Eldorado. Pouco tempo depois chegou o pessoal do ISRA da Argentina, cumprimentaram-nos e saímos para almoçar num restaurante brasileiro que tinha perto do hotel. Ficamos no hotel esperando o resto do pessoal chegar, o que só aconteceu as 17:00 mais ou menos.

As 20:00 o pessoal da Argentina nos chamou para dar um role pela cidade e saímos me 36 motos pela pequena cidade de Eldorado, estacionando na praça central da cidade . Achei meio estranho esse passeio porque era muito chamariz, e não sou muito fã de ser o centro das atenções, o que era inevitável quando você estava junto com outras 35 motos gigantes e barulhentas que param no meio da praça central da cidade. No fim das contas esse tipo de passeio foi um evento para a cidade, vários moradores se juntando na praça para tirar fotos, perguntando de onde viemos, crianças olhando as motos com cara de admiração e outras coisas. Saindo de lá fomos direto para o restaurante do Ulises que organizou umas pizzas para a galera. Ficamos lá até às 23:00 mais ou menos e voltamos para o Hotel.

No dia seguinte quando acordei vi uma movimentação e descobri que algumas pessoas tinham acabado de sair para ver as cataratas do lado argentino, mas já era tarde demais para acompanhá-los, portanto tomei meu café e fiquei conversando com a galera . Resolvemos sair para procurar umas peças para a moto do Yuri e de lá iriamos para um outro lugar com os argentinos, mas no fim das contas ficamos rodando num sol bem quente pelo centro da cidade e não achamos as peças, muito menos saimos com os argentinos , portanto voltamos para o Hotel. Durante as conversas com o pessoal no hotel eu descobri que alguns estavam querendo ir para Wanda ver as minerações e eu fiquei pensando se deveria ir ou não, mas cheguei a conclusão que se fosse para ficar parado eu tinha ficado em casa e fui à Wanda!

Fomos em 5 motos: Cidão e Loira numa Midnight 950 Azul, Eu com a DS, Berlanas na Fazer 600, Samuca na DS cinza, Yuri e Ju na Suzuki V-Strom e Totta na Ds vermelha (muito bonita essa moto por sinal!). Wanda é um lugar de minério, e a atração são as pedras semi preciosas que tem nas minas, tirei várias fotos para quem quiser ver . Na saída comprei um triangulo feito de uma pedra azul e 3 brincos de ametista para dar de presente aqui, coloquei no bolso do colete e saimos. No meio do caminho coloquei a mão no colete e só tinha o triangulo, os brincos e meu 100 pesos foram para a estrada … Fiquei meio triste pela burrice que fiz em ter deixado eles no colete, mas considerei isso como “um gole pro santo” e bola pra frente.

Chegando no hotel eu encostei na cama e apaguei por mais de 1 hora, fazia anos que eu não conseguia dormir a tarde, o que mostrou meu meu corpo estava jóia… A noite rolou mais um tour pela cidade com outra parada na praça central, onde rolou umas zoeiras com um colete rosa (entregue a quem for o vigésimo quarto a acessar o fórum mais vezes no ano) e umas fotos das motos e depois fomos novamente para o Ulises, dessa vez comer lasagna. Chegando no Ulises eu vi um colega argentino caindo lentamente com a moto parada, achamos até que era brincadeira, mas a moto inclinou demais na areia e ele não conseguiu segurar (era um Dragstar 1100), nada demais.

No dia seguinte acordamos cedo e fomos para as cataratas do lado argentino, dessa vez fomos em mais motos e não vou conseguir citar todas porque um pessoal de Brasilia /Goias foi com a gente, mas estávamos em 7 ou 8 motos mais ou menos. Pretendíamos visitar as cataratas e sair mais ou menos as 13:30 para encontrar nossos amigos que estavam vindo de São Paulo pouco depois da fronteira argentina.

Aqui vale um grande parenteses antes de continuar a história, esses nossos amigos saíram de São Paulo na quarta feira, dormiram em Maringá, saíram de Maringá de manhã , chegaram na argentina por volta das 14 e iriam jantar com a gente para poder voltar para SP no dia seguinte. :D

Voltando as cataratas, a bateria da minha câmera acabou antes mesmo de começar o caminho a pé para as cataratas, portanto as fotos que estão no Picasa foram tiradas pelo meu celular. Quando vimos o tempo mudando rapidamente resolvemos voltar correndo , mas não fomos rápido o suficiente e ficamos presos no tremzinho esperando a chuva passar (impediram o trem de sair enquanto estivesse com chuva). Quando conseguimos sair já era mais de 14:30 e estávamos atrasados para encontrar nossos amigos. Chegamos no posto onde eles estavam por volta das 15:00 e começamos a viagem de volta para Eldorado (100km mais ou menos) sob chuva fraca. As estradas nesse ponto da argentina são muito barrentas e os caminhões banhávam-nos de barro, o que deixou minha moto praticamente marrom, é como se eu tivesse participado de algum rally com ela.

Chegamos no Hotel umas 16:30 mais ou menos e saimos mais tarde para a confraternização oficial do evento novamente no restaurante do Ulisses, onde houve apresentação de todos, entrega de brasões brinde aos amigos e etc. Essa noite estava um tempo chuvoso e um frio durante a noite, portanto esperávamos um clima não muito bom para o dia seguinte. Decidimos que sairíamos as 6 da manhã do hotel rumo a Maringá, não haveria parada longa em Foz dessa vez. Eu estava dividindo um quarto sextuplo (existe isso !?) com o Yuri e a Ju (numa cama de casal no andar de baixo), Mikele e Berlanas. Eu, Mikele e Berlanas ficamos na parte de cima (que só dava para subir utilizando uma escada de Santos Dumont (tem foto dela no Picasa)), e quando as pessoas que você interage são legais não tem como não haver momentos engraçados, como o maldito galo que os caras tinham como despertador do celular. :P

Acordamos (com o maldito ringtone do galo) as 5 da manhã, amarramos as coisas na moto e saímos as 6:30 sob uma neblina forte até a fronteira da argentina. Dessa vez o bonde foi dividido em 2, pois alguns de nós acharam que 6 horas era muito cedo para sair e resolveram sair um pouco mais tarde. Atravessamos tranquilamente tanto a fronteira da Argentina como a fronteira brasileira, e o clima esquentou novamente , nada de neblina, só um . Uma das coisas que vai ficar marcada é a sensação de felicidade de estar de volta ao meu país e voltar a ver as placas em português, apesar de eu ficar meio confuso com os idiomas.

Paramos para tomar café só em Céu Azul, onde eu ouvia pessoas aleatórias falando em português e ficava todo confuso pensando qual lingua eles estavam falando, hahaha . Seguimos no mesmo ritmo de sempre até Maringá. Antes de chegarmos lá encontramos nosso amigo Walter e sua filha no meio do caminho, eles foram com a gente até o Hotel . Novamente o Walter mostrou a pessoa foda que ele é e nos ofereceu sua casa caso alguem não tivesse quarto no hotel (devido ao evento que eu comentei antes), mas não foi necessário. Eu dividi um quarto com o Mariano. O quarto que ficamos estava com a pia quebrada, por isso rolou um desconto (melhor ainda! :P). Ao chegar no quarto eu apaguei várias horas, quando acordei uma parte do pessoal já tinha saído e só ficou um casal. Quase todos foram de Taxi para a casa do Walter, apenas eu e o Samuca fomos de moto, o Samuca ia sair direto de lá e eu me recuso a andar de taxi numa viagem que estou fazendo de moto.

Novamente o Walter fez um jantar esplendido para nós. Sem comentários, a família muito atenciosa conosco, nos trataram muito bem e fizeram o possível para que nos sentíssemos em casa, só temos a agradecer pela recepção, sua família é foda!

Eu cheguei, subi para o quarto e capotei. No outro dia tomamos café e saímos as 8 :30 em direção a SP, no mesmo ritmo, mas agora o bonde estava maior, estavamos em 15 motos, e quando mais gente mais difícil manter a organização. Dessa vez não marcamos uma posição fixa das motos, apenas tentamos manter os garupados a frente e as Dragstars depois.

Outra coisa que vai ficar muito na lembrança é a felicidade de estar de volta ao meu estado, ver os amigos da frente com o braço para cima apontando para a placa, ou soltando as duas mãos do guidão e abrindo os braços, são cenas que marcam para sempre.

No trevo de ourinhos tivemos um pequeno acidente, o Fernando que estava na minha frente entrou um pouco mais rápido na curva e o asfalto não estava nada bom, cheio de ondulações, portanto ele conseguiu frear mas foi jogado fora da pista onde tinha areia e pedras e com isso o freio apenas jogou uma das rodas da Dragstar em uma direção levando os dois (ele e sua namorada/esposa) ao chão. Como eu era o que estava mais próximo, já desliguei minha moto e fui ajudá-lo, levantei a moto para que ele pudesse tirar o pé de baixo e alguém me ajudou a colocar a moto de pé, perguntei se estava tudo bem e ele falou que estava de boas, a esposa dele também, então fomos ver as avarias da moto. A moto só estava com o comando avançado torto (ele sempre salva, foi assim no meu acidente também), que conseguimos desentortar apenas com o peso do corpo e alguns pouco ralados na manopla, ligamos e a moto estava funcionando de boa. Obviamente, qundo a moto ligou rolou um “Aeeee, isso é Dragstar rapá! Não para não!” :).

Seguimos até o próximo posto onde já estavamos programados de parar e o Cidão fez um curativo no joelho do Fernando que estava um pouco ralado e foi isso, nada muito grave, apenas algumas dores do impacto com o chão e alguns ralados, nada que os impedisse de voltar de moto para casa.

Continuamos viagem e no meio do caminho algumas motos se adiantaram porque o Cidão estava com problemas com primeira e segunda marcha, então foram na frente. Nos despedimos do Tiago, do Ernesto e do Berlanas em uma das paradas, pois cada um ia seguir seu próprio caminho ou pretendia esticar um pouco mais. Seguimos com o ultimo bonde entre 120/130 km/h e paramos para abastecer novamente depois de 140km. Nesse posto o pessoal que seguiu com o Cidão estava parado jantando e muitos decidiram se juntar a eles para fazer o jantar de confraternização.

Eu estava planejando passar no casamento do meu amigo Rafael Timbó para lhe dar um abraço de parabens e desejar felicidade nessa nova etapa, mesmo estando todo mulambento da viagem, portanto não fiquei para o jantar de confratermização e segui solo para SP. Chegando na marginal Tietê eu parei para ver onde era o casamento e descobri que era na Serra da cantareira, nunca tinha ido para lá, iria ser uma grande aventura, afinal estava escuro e eu estava há mais de 10 horas andando de moto.

Fui seguindo e perguntando, cheguei até o Tucuruvi, peguei a Cel. Sezefredo e segui , pelo que li no site deles, era perto de um tal restaurante Dib, que pelo que me informaram, era uns 13km serra da cantareira a dentro. A informação que eu recebi foi meio medonha: “Vai seguindo, quando vc ver que só tem uma estrada, sem luzes e for arvores dos dois lados é que vc está no caminho certo, quando vc ver a Fernão Dias à sua direita é que ta chegando perto”. Ok, vamos nessa! Quando começou a chegar nesse ponto das arvores ficou bem medonho, tava tudo escuro, apenas o farol da moto ligado e o barulho do meu escapamento, a frente apenas curvas bem fechadas iluminadas pelo farol, e acima estavam as copas das árvores com uma fresta que me mostrava a beleza da lua cheia escondida atrás de algumas nuvens, pensei até em tirar foto, mas não podia parar ali era perigoso demais, mas essa cena também via ficar marcada na minha mente por um bom tempo, juntamente com a sensação estranha de estar num lugar desconhecido e desolado. Durante o caminho eu vi algumas plaquinhas escrito “Rafael e Sabrina” que me mostravam que eu estava indo no caminho certo, mas em alguns pontos tinham umas encruzilhadas que era difícil saber qual era o caminho certo, e eu provavelmente peguei o caminho errado em alguma dessas, indo para um lugar mais desolado ainda, depois de uns 5km andando no breu eu encontrei alguma luz, e quando parei para perguntar descobri que nem os seguranças sabiam o nome da rua direito, pqp. Um pouco mais a frente parei um cara de carro e perguntei, ele me falou que eu tinha passado faz tempo e tinha que voltar por essa estrada medonha…Perguntei para ele se a estrada que eu estava vendo a minha frente era mesmo a Fernão Dias sentido São Paulo, e ele me confirmou. Depois de tudo isso tive que pesar, já estava há mais de 11 horas em cima da moto, cansado, e não queria pegar aquela estrada estranha novamente, portanto, com muito pesar deixei de felicitar meu amigo e resolvi voltar para casa, pensando que a serra da cantareira foram os ~15km mais difíceis da minha viagem.

Depois de tudo isso, ainda passei pela placa de divisa entre Mairiporã e São Paulo, o que me lembrou a minha viagem para São Thomé das Letras! O que tornou tudo mais interessante, quem diria que no fim de uma grande viagem eu ia sair de encontro com o fim de outra das minhas viagens (um pouco menor naquela ocasião), o que causou várias outras boas lembranças.

Vim para casa, passei na casa da minha noiva e ainda chamei ela para dar um role de moto e ir comer alguma coisa (só tinha tomado café, comido uma esfirra e um salgadinho o dia todo), depois de deixa-la em casa fui para a minha e levei tudo para o meu quarto e dormi do jeito que estava…Minha mãe chegou para me dar um oi, mas deixou para o outro dia.

Algumas informações legais e aprendizados sobre a viagem:

Eu era o mais novo do grupo 23 anos, o mais velho (que eu achei) tem 69, as frases que eu mais ouvi foram: “Você é jovem ainda”, “você vai ver quando tiver a minha idade” e etc. Ser o mais novo me permitiu aprender muita coisa com essas pessoas, pegar experiências de viagens e até mesmo experiências de vida que me fizeram uma pessoa muito melhor, além de obviamente me tornar um motociclista melhor.

Conversando com a Loira (esposa do Cidão) eu ouvi a frase: “Sempre que eu viajo eu quero conhecer tudo, porque eu provavelmente nunca mais vou voltar nesse lugar”. Isso me fez pensar por muito tempo, e realmente é verdade, vou levar para a vida isso.

Obviamente não concordamos com tudo que acontece, principalmente quando se está num grupo grande, muitas vezes os meus valores são completamente diferentes dos valores de outra pessoa e com isso sempre vai acontecer coisas que você não gosta ou despreza.

No geral, eu posso dizer que essa viagem valeu muito a pena e eu com certeza faria ela novamente, do jeito que foi, ou diferente.

E uma coisa que eu posso afirmar é que eu saí de São Paulo com 10 conhecidos de forum , e voltei com 10 (ou mais) amigos.