TL;DR: Esse mês eu completaria 7 anos trabalhando para a Locaweb, mas decidi sair no dia 2 de junho. Nada demais, só procurando coisas diferentes

Eu entrei na Locaweb em Junho de 2010. Na época o Fabio Kung entrou em contato comigo perguntando se eu queria me juntar a equipe de Cloud Computing.

A equipe de Cloud

Depois de uma conversa com ele e com outro gestor, eu descobri que era exatamente o que eu queria fazer, trabalhar com Ruby e infraestrutura, duas coisas que eu gostava muito.

Fui aprovado no processo seletivo e comecei na equipe que tinha várias pessoas legais. Entre eles estavam algumas pessoas conhecidas na comunidade de Software brasileira, principalmente na comunidade Ruby, como o Nando Vieira, o Fabio Kung, o Rafael Rosa e mais algumas pessoas que manjam bastante mas não costumam aparecer tanto. A equipe era composta de 50% de desenvolvedores e 50% de sysadmins.

Nessa equipe eu tive que lidar com várias linguagens. Ruby era minha linguagem principal, mas sempre tinha algumas linguagens diferentes para mexer. Alterei código Python, ASP, ASP.net e Perl. Foi uma experiência fantástica, aprendi bastante e mexi com coisas que não eram tão comuns para a galera que estava trabalhando com Ruby e/ou Rails na época. Atualmente, 5 pessoas da equipe de Cloud estão trabalhando em empresas grandes fora do país.

Não vou focar em datas, se quiser ver as datas, dê uma olhada no meu Linkedin que tem o tempo que eu fiquei em cada cargo/equipe.

A equipe de IaaS

Depois de um tempo a equipe de Cloud virou parte da equipe de IaaS. Além de manter a infraestrutura/aplicação de cloud, nós tinhamos outras responsabilidades. Nessa equipe nós também mantinhamos as aplicações de servidores dedicados, load balancer, backup e o painel unificado para todas essas funcionalidades. Nessa época estavamos mais juntos com a equipe que estava fazendo melhorias e automatização na infraestrutura. Partipei do projeto Openstack enquanto desenvolviamos algumas funcionalidades no Quantum (agora Neutron) e cheguei a participar da Openstack Design Summit em San Francisco. Infelizmente, pouco código que fizemos voltou para o trunk, mas foi divertido fazer parte do projeto.

Nessa época eu comecei a organizar as Tech-talks internas, toda quinta-feira tinhamos pessoas apresentando coisas técnicas e legais dentro da empresa. Foi um grande desafio manter isso funcionando por quase 2 anos, religiosamente toda quinta-feira sem muito suporte.

Usei bastante Ruby e Python nessa época. Das pessoas que trabalharam nessa equipe, 3 estão trabalhando para fora do país de alguma forma. Duas delas se mudaram para outro país e uma trabalha remotamente para uma empresa de fora.

Também nessa época eu desenvolvi um projeto que em menos de 1 ano economizou mais de 1 milhão em gastos. Havia uma possibilidade de otimização em outra equipe, mas ninguém tinha tempo para atacar o problema. Eu pensei na solução durante o fim de semana e tirei 2 dias para atacar o problema e mostrar uma POC totalmente funcional para o CTO. Com isso consegui meu tempo para melhorar o projeto e acompanhar os ganhos durante os próximos meses. Não tinha nada de científico no projeto, era apenas Ruby, Threads, média simples (na primeira versão), chamadas para algumas APIs internas para conseguir os dados necessários e uma interface JSON.

Depois desse projeto eu mudei de equipe.

A equipe de Infra-dev

A equipe de infra-dev era composta por cerca de 8 pessoas bem experientes e de áreas diferentes. Não funcionava muito bem como um time, mas atacava diversos projetos ao mesmo tempo. Nessa equipe nós trabalhavamos em um nível abaixo do que eu trabalhava em IaaS. Enquanto IaaS consumia APIs e entregava os produtos para os clientes, Infra-dev fazia essas APIs e garantia que os assets estavam bem usados. Basicamente trabalhavamos com código voltado para infraestrutura e automação.

Além disso, trabalhavamos em melhorar as ferramentas para os desenvolvedores. Saimos do Gitorious interno e migramos para o Gitlab, entregamos libs de métricas, tinhamos um sistema de métricas desenvolvido internamente e cuidavamos de alguns sistemas responsáveis por catálogo e instalação de maquinas.

Nessa época eu tive a oportunidade de participar da OSCON em Portland, OR. Foi uma experiência fantástica, com certeza uma das melhores conferências que eu já fui.

Nessa equipe tive contato com várias linguagens de programação. Mexi com Ruby, Python, C, Go, Javascript e tive contato com Haskell e clojure. Conheci pessoas que tinham um conhecimento enorme e uma forma bem legal de lidar com problemas técnicos, foi uma experiência bem interessante.

Das 8 pessoas que trabalharam comigo nessa equipe, 2 delas estão trabalhando fora do país.

Depois de um tempo a equipe foi dividida para atacar coisas diferentes. Eu fiquei mais próximo do pessoal de desenvolvimento do que do pessoal de infraestrutura e propus a criação da equipe de ferramentas.

A equipe de Ferramentas

Há muito tempo eu via a necessidade de melhorar a produtividade do time de desenvolvimento (cerca de 100 pessoas) e resolver alguns problemas grandes e latentes que ninguém teria tempo para resolver. O gerente da época gostou da ideia e começamos a equipe com apenas duas pessoas, que depois de alguns meses ganhou mais uma pessoa.

Essa também foi uma equipe fantástica, começamos com duas pessoas que tinha no mínimo 5 anos de empresa. Já sabiamos quais eram os problemas que nos atrapalhavam, mas para ter certeza conversamos com pessoas várias equipes para confirmar. Listamos os problemas e começamos os trabalhos.

Sou bem orgulhoso das coisas que criamos nessa equipe, acho que conseguimos atingir o nível técnico que queríamos. :)

Tinhamos sistemas e ferramentas feitos com Elixir, Ruby e Go.

The Good, the Bad and the Ugly

Durante o tempo que eu trabalhei na Locaweb eu tive a chance de visitar 9 estados brasileiros, 2 estados americanos e 1 país europeu para conferências, com as despesas pagas pela empresa. Meu salário mais do que triplicou durante esses 7 anos. Consegui lidar com vários problemas técnicos interessantes e um monte de linguagens de programação.

É claro que essas coisas não vem de graça. Para visitar todos esses lugares eu corri atrás e criei conteúdo para apresentar e submeter para conferências, aproveitando que a empresa apoiava tais atividades. Nos eventos que fui como participante, é porque eu estava capacitado para conhecer as coisas ou participar de discussões, além é claro, de repassar o conhecimento na volta.

Eu entrei ganhando relativamente pouco na época, mas para que o meu salário chegasse ao nível que chegou durante esses 7 anos, eu tive que mostrar o meu valor e me motivar a cada dia. Empresas grandes como a Locaweb (e outras) tem bastante espaço para crescer, se você souber procurar. Mas tem bastante espaço para ficar acomodado também, depende do caminho que você escolhe para você.

Lidei com vários problemas técnicos interessantes porque eu sempre estava buscando por eles. Eu poderia estar fazendo apenas aplicações Ruby/Rails e pegando os “problemas mais fáceis” ao invés disso.

Fora isso, teve os momentos de desconstração pós horário ou nos intervalos. Conheci uns 3 ou 4 jogos de tabuleiro novos depois do horário, me fizeram comprar mais cartas para incrementar meu deck de Magic the Gathering para jogar contra algumas pessoas, perdi feio em 2 campeonatos de Street Fighter IV, perdi no campeonato de ping-pong e rompi o ligamento do ombro esquerdo jogando basquete com alguns colegas de trabalho na quadra próxima durante o horário de almoço. Acho que esportes não são a minha praia. :P

Apesar desse monte de coisas legais, a Locaweb, como todas as outras empresas, não é perfeita. É uma empresa grande, que já foi familiar, que tem quase 20 anos de história e que já teve (não sei como está hoje) mais de 1000 funcionários. Trabalhar em uma empresa com essas características e achar que pode fazer coisas que você faz em uma startup é ser um pouco ingênuo.

Para trabalhar em empresas grandes, você tem que estar preparado para lidar com burocracia desnecessária e politica, e a Locaweb não é exceção. Lá não é tão burocrático como outras empresas que vemos por aí, onde você sabe que nem vale a pena tentar enfrentar o que está ruim. Eles ficam num nível que parece que a burocracia pode ser vencida se algumas pessoas decidirem ter um pensamento mais “pra frente”.

Como a amostragem é grande, você encontra de tudo. Pessoas muito boas subvalorizadas, pessoas ruins supervalorizadas, pessoas boas que se encostaram com o passar do tempo, pessoas em cargos errados e outras coisas. Nada muito diferente de outras empresas grandes por aí.

A parte técnica sempre foi resolvida, esses tipos de problemas o pessoal tira “de letra”. ;)

Conclusão

Eu e a empresa estamos em vibes diferentes no momento e eu decidi tentar outras coisas, mas é uma empresa fantástica que eu com certeza trabalharia novamente. Eu diria, assim como vários amigos que trabalharam comigo por lá dizem, que foi a melhor empresa que eu já trabalhei. Nunca tinha ficado mais de 1 ano e meio em uma empresa e fiquei 7 anos lá (uma média de 1 ano e 8 meses por equipe).

Sobre mim? Começo em outra empresa na semana que vem, provavelmente comentarei mais sobre isso em breve. :)